A Oncoclínicas anunciou a criação de uma joint venture na Arábia Saudita que deve faturar US$ 550 milhões e fazer um EBITDA de US$ 150 milhões (R$ 840 milhões ao câmbio de hoje) daqui a cinco anos. Para efeito de comparação, o EBITDA da Oncoclínicas no ano passado foi de R$ 1 bi.
A JV foi formada com o grupo saudita Al Faisaliah – um dos maiores conglomerados do país – e vai desenvolver uma operação de tratamento oncológico começando por uma clínica flagship em Riad no final deste ano, e clínicas em Jeddah e Meca nos próximos anos.
A clínica de Riad será uma operação ambulatorial (quimioterapia, radioterapia e diagnóstico) com 9 mil m² de área construída, 70 posições de atendimento para infusões, e dois bunkers de radioterapia.
As clínicas vão operar em parceria com os hospitais locais.
O prédio, que já está pronto, passará por um retrofit e começará a atender pacientes no final do ano. O oferecimento dos serviços será feito de forma faseada ao longo do próximo ano.
O investimento previsto para esta unidade é de US$ 30 a US$ 40 milhões ao longo dos próximos 3 anos, divididos entre os dois lados. A JV será 51% da Oncoclínicas e 49% do Al Faisaliah.
A parceria da Oncoclínicas com os sauditas começou em junho do ano passado, quando o fundador Bruno Ferrari esteve na Future Investment Initiative (FII) – a grande conferência de investimentos do Reino – e conheceu Mohammed K. A. Al-Faisal, chairman do grupo Al Faisaliah e membro da família real saudita.
Depois de Ferrari explicar o modelo de negócios da Oncoclínicas, Al-Faisal – que também será o chairman da JV – enviou executivos ao Brasil para conhecer a operação da empresa.
“Ele nos disse que na Arábia Saudita estávamos ‘no país certo, na hora certa, e com o sócio certo,’” Ferrari disse ao Brazil Journal.
O entusiasmo de Al-Faisal com a Oncoclínicas tem a ver com o fato da oncologia ser incipiente no país. Apesar da existência de alguns centros de excelência locais, 80% dos pacientes acabam indo se tratar na Europa ou nos Estados Unidos, incorrendo em despesas de viagem e hotelaria.
A JV com a Oncoclínicas quer mudar isso.
Al Faisal disse ao Brazil Journal que o objetivo da JV é se tornar “o principal centro privado especializado em oncologia da região do Oriente Médio,” atendendo uma população de mais de 300 milhões de pessoas.
“A incidência de câncer está aumentando lá por dois motivos: primeiro, porque está aumentando mesmo, depois, porque estão diagnosticando mais,” disse Ferrari.
Com um PIB de US$ 1,1 trilhão, a Arábia Saudita gasta apenas US$ 3 bilhões por ano em despesas de oncologia – dada a restrição de capacidade local. (O Brasil, com um PIB de US$ 2 trilhões, gasta 5 vezes mais). Estima-se que outros US$ 4 bilhões sejam gastos por pacientes sauditas que se tratam fora do país.
“É um mercado pouco penetrado e que deve crescer a taxas interessantes,” disse Daniel Vorcaro, o controlador do Banco Master, que recentemente se tornou acionista da Oncoclínicas com cerca de 20% do capital.
“Eles têm um mercado virgem que vai ser um lago azul para a Oncoclínicas pescar e faturar. Não tem outro player, e você já sabe o número de casos, então dá pra ter uma previsibilidade maior do que a gente normalmente teria. A oncologia é um assunto estratégico para o país, e por isso o príncipe está tão empolgado,” disse Vorcaro.
Fundado em 1971, o grupo Al Faisaliah é uma companhia de investimentos e um dos maiores conglomerados da Arábia Saudita. O grupo já tem outros investimentos em saúde, incluindo um laboratório de genética, uma farmacêutica e clínicas de cirurgia bariátrica
Tem ainda participação em setores como laticínios, eletrônicos e serviços alimentares, e parcerias estratégicas com empresas como Sony, Danone e Philips.
A ação da Oncoclínicas negocia perto do low histórico, depois de cair cerca de 50% nos últimos 12 meses, com a companhia valendo R$ 4,1 bilhões.
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