Nubank bate o consenso em lucro e receita; efeito cambial reduz carteira de crédito

O Nubank acaba de reportar um trimestre com forte crescimento do lucro e do ROE, mas com a inadimplência de médio prazo voltando a subir – e com a primeira redução da carteira de crédito da sua história.

O lucro líquido do banco mais que dobrou no segundo tri na comparação ano contra ano, chegando a US$ 487 milhões; o consenso Bloomberg apontava US$ 418 milhões.

O ROE anualizado chegou a 28% – 5 pontos acima do primeiro tri. No Brasil, o ROE ficou acima de 50%.

A ação chegou a subir 6% no after market em Nova York depois do resultado, mas reduziu a alta para 3,7%.

Apesar da melhora nos indicadores, a carteira de crédito em dólar teve sua primeira queda na comparação sequencial na história da companhia.

A soma da carteira de empréstimos com a de recebíveis de cartão de crédito chegou a US$ 18,9 bilhões – um crescimento de 27% na comparação anual, mas uma queda de 3,5% tri contra tri. No primeiro tri deste ano, para efeito de comparação, o banco havia reportado uma expansão de 11% na comparação sequencial.

O CFO Guilherme Lago disse ao Brazil Journal que isso aconteceu por causa do câmbio: o dólar se apreciou frente às moedas de Brasil, México e Colômbia (cerca de 12% na média).

Sem o efeito cambial, a carteira de crédito teria uma alta de 8% – ainda assim, num ritmo menor que o visto em trimestres anteriores.

“Como teve uma maior desvalorização, toda a métrica fica mais poluída. Se a gente não tivesse tido essa variável, nossos números ficariam ainda mais acima do consenso,” disse Lago.

A inadimplência de médio prazo subiu. O NPL de 90 dias aumentou 70 bps para 7%. Já a de curto prazo (o NPL de 15-90 dias) teve queda de 50 bps e ficou em 4,5%.

Lago disse que a inadimplência está em um nível confortável, ainda mais com a estratégia de crescimento do Nubank.

“Temos bastante gordura,” disse ele. “Não paramos o negócio para minimizar a inadimplência nominal. Nós calculamos o valor presente de cada safra de crédito, respeitando uma resiliência de risco.”

O Nubank também calculou quanto seria a inadimplência em taxas normalizadas caso o Nubank não estivesse colocando em prática seu plano de expansão. Enquanto a de curto prazo cairia para 3,7%, a de médio prazo seria de 6,2%.

O banco de David Vélez já tem 56% da população brasileira como cliente, e cerca de 6% de market share nos produtos em que atua.

“Vamos crescer esse share e pode ser tanto em produtos com uma inadimplência menor, como consignado ou FGTS, quanto em outros com maior inadimplência, como o crédito pessoal,” disse Lago.

No segundo tri, a receita do Nubank aumentou 65% na comparação anual e chegou a R$ 2,8 bilhões – enquanto o consenso esperava R$ 2,6 bilhões. O número de clientes cresceu 25% para 104,5 milhões.

A receita média por usuário ativo (ARPAC) também sofreu o impacto cambial e caiu de US$ 11,40 por cliente para US$ 11,20 no segundo tri. Segundo Lago, em uma base neutra de câmbio, teria expandido 6% sequencialmente – e com grupos maduros chegando a US$ 25.

Já o índice de eficiência — que mostra o quanto o banco precisa gastar para fazer determinada receita — fechou o primeiro tri em 32%, em comparação aos 32,1% do trimestre anterior.

O Nubank também mostrou um crescimento robusto de clientes e da carteira de crédito da operação mexicana.

O banco adicionou 1,2 milhão de clientes no tri – chegando a 7,8 milhões – e aumentou a carteira de crédito total de US$ 2 bilhões para US$ 3,3 bilhões de abril a junho.

A empresa fechou o dia valendo US$ 60,6 bilhões na NYSE.

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