Em sua primeira mudança de comando em seis anos, a Endeavor Brasil acaba de anunciar Anderson Thees como seu novo diretor-geral, com a missão declarada de apoiar startups em busca do status de “decacórnios” – as empresas que atingem um valuation de mais de US$ 10 bilhões.
“Se em 2012 a gente dissesse que teríamos mais de 20 unicórnios na América Latina em 2024, soaria como uma maluquice – do mesmo jeito que pode parecer loucura dizer que vamos ter esse número de decacórnios nos próximos doze anos, mas é factível,” Thees disse ao Brazil Journal.
“Eu arrisco dizer que é mais fácil esse próximo ciclo – de ter um monte de empresas que vão sair de US$ 1 bilhão a US$ 5 bilhões e se tornar decacórnios – do que sair do zero para um monte de unicórnios porque o ecossistema já está completo, não falta nada.”
Thees, um veterano do setor de tecnologia e mentor na Endeavor no Brasil há duas décadas, vai substituir Camilla Junqueira, cujo mandato termina este mês.
A saída de Camilla já estava acertada desde 2022, quando seu mandato foi renovado por mais dois anos. Agora, segundo ela, a Endeavor queria alguém com experiência no ecossistema de startups para liderar as empresas ligadas à organização para uma nova escala de crescimento.
“Sabíamos que precisava ser alguém que fazia parte do ecossistema e a própria Linda Rottenberg (a fundadora da Endeavor) disse que o melhor nome era o Anderson,” Camilla disse ao Brazil Journal.
Um veterano com passagens pelo UBS, Eccelera e Naspers, em 2012 Thees foi um dos fundadores da Redpoint eventures; nos anos seguintes, a sua firma investiu em cinco unicórnios: Gympass (hoje Wellhub), Creditas, Olist, Pismo e Rappi.
Na Naspers, Thees foi o primeiro VC a investir na Movile, além de ter presidido o conselho da empresa fundada por Fabrício Bloisi.
Thees estava trabalhando no Itaú há dois anos, ajudando o banco a montar uma estratégia de VC. Ele está deixando essa posição mas vai continuar como conselheiro do Cubo, uma cadeira que ocupa desde a fundação do hub de startups em 2014.
Agora, vai assumir uma organização com 70 funcionários que apoia cerca de 200 empresas por ano com mentoria, investimento e network.
A Endeavor também tem R$ 150 milhões captados no fundo Scale-Up Ventures, que já investiu em mais de 70 startups.
A chegada de Thees marca o início de uma nova fase da Endeavor Brasil: empurrar o ecossistema de startups do País para parir “decacórnios”. Para isso, a Endeavor vai acelerar a conexão entre os empreendedores brasileiros e mentores globais, espalhados por mais de 40 países.
Thees disse estar particularmente interessado em descobrir startups em áreas como IA, cripto, robótica, genômica e climate tech.
“Estamos no começo de um ciclo e analisando o desenho de algumas teses para decidir o que vamos priorizar,” disse. “Mas somos agnósticos.”
Para ele, o tamanho da indústria de tecnologia no Brasil ainda pode aumentar muito.
Segundo levantamento da gestora de venture capital Atlantico, o valor de mercado das empresas de tecnologia em relação ao PIB é de apenas 3% no Brasil, enquanto na Índia é de 11%.
EUA (64%) e China (22%) lideram o ranking.
“Para isso, é preciso fazer muita transferência de conhecimento para que o impacto seja grande – algo que a Endeavor já vem fazendo há bastante tempo,” disse ele.
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