Em seu 3º ano, a Rotas Brasileiras ganha um curador – e um de peso

Depois de 12 anos como curador-chefe de Inhotim e dois na curadoria do MASP, Rodrigo Moura vai assinar a direção artística da Rotas Brasileiras, a feira da SP-Arte focada em projetos regionais. 

É a primeira vez que a Rotas – agora em seu terceiro ano – tem um curador. A feira abre nesta quarta-feira na ARCA, na Vila Leopoldina, com 66 participantes de 15 estados brasileiros.  

Um dos curadores mais importantes do País, Rodrigo mora há seis anos em Nova York, onde lidera o El Museo del Barrio, a principal instituição cultural latina dos Estados Unidos – e a Rotas é seu primeiro grande projeto por aqui desde que foi morar nos Estados Unidos. 

O curador estabeleceu três formatos para as galerias participantes: apresentar artistas solo, duplas de artistas, ou ainda fazer uma mostra temática, de modo a evitar stands cheios de obras do acervo ou desconexas.

Com o excesso de feiras pelo mundo (e por aqui também), o desafio de sair da mesmice é cada vez maior. 

Rodrigo botou a mão na massa: envolveu-se diretamente com os projetos das galerias, buscando potencializar os objetivos da feira de exaltar a produção nacional de ontem e de hoje.  

Também delimitou uma área da feira que batizou de “Mirante,” onde galerias convidadas apresentarão pinturas, esculturas e instalações de grande porte e raramente exibidas, de artistas de diferentes gerações e estilos. 

O espaço, uma espécie de praça, ficará no centro da feira e promete ser impactante, com obras que vão Di Cavalcanti a Jota Mombaça, passando por uma escultura monumental de Tunga que reúne vários dos elementos escultóricos do artista.  

Rodrigo destaca quatro projetos das galerias participantes. Um deles – “Rotas de Afeto,” realizado pela Gomide&Co com curadoria da artista Lenora de Barros – cria diálogos visuais das obras da artista com as de seu pai, Geraldo de Barros (1923-1998), um nome consagrado da arte concreta.

O segundo, da Almeida & Dale, levará três artistas – o paraense Emmanuel Nassar, a goiana Mirian Inêz da Silva e o paraibano Antonio Dias – criando uma conversa de obras que refletem o processo de modernização do País no século XX.  

Já a Galeria Estação selecionou artistas históricos na arte popular brasileira, como Madalena Reinbolt, José Antônio da Silva e Artur Pereira. 

Por fim, as galerias mineiras Mitre e Manoel Macedo uniram forças para homenagear Lorenzato. Num estande conjunto, as galerias estabelecem um diálogo intergeracional. 

Rodrigo editou o livro sobre o artista ítalo-brasileiro morto em 1995, cuja obra se valorizou exponencialmente nos últimos anos, com um mercado forte fora do Brasil. Recentemente, suas obras foram expostas na David Zwirner em Nova Iorque e Hong Kong, e agora na Mendes Wood de Paris. 

Em paralelo à feira, a Casa SP-Arte recebe a galeria mexicana Kurimanzutto, que traz obras do colombiano Oscar Murillo. 

Badalado internacionalmente, Murillo é o convidado deste ano da Tate Modern, de Londres, para ocupar o espaço interno do museu, o Turbine Hall, com um enorme jardim de pinturas. 

Essa Casa SP-Arte será uma oportunidade única de ver obras inéditas de Murillo, de menor escala, em diálogo com artistas escolhidos por ele como Hélio Oiticica, Lygia Clark, Cildo Meirelles, Geraldo de Barros e Sonia Gomes.

Depois da feira, Rodrigo volta para Nova York para se dedicar à abertura da Trienal do El Museo, intitulada Flow States, que faz um apanhado da arte latina contemporânea, e na sequência uma grande mostra do baiano Mestre Didi, no começo do ano que vem.

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