O Grupo Ultra anunciou mudanças em sua governança que darão mais autonomia e agilidade para suas empresas investidas, deixando a holding focada na alocação de capital.
O grupo — dono dos postos Ipiranga, da Ultragaz e da Ultracargo — vai criar conselhos de administração para cada uma de suas empresas. Os boards serão compostos pelo CEO de cada empresa, por dois membros independentes e por Marcos Lutz, o CEO do Ultra, e Rodrigo Pizzinatto, o CFO.
Até agora, os CEOs das empresas investidas se reportavam diretamente a Lutz, sem uma camada hierárquica intermediária.
“Queremos cada vez mais ter as companhias focadas em seus negócios e a holding focada na alocação de capital. Esses conselhos vão poder olhar com mais profundidade os assuntos dos negócios,” Lutz disse ao Brazil Journal.
Segundo ele, a ideia é que a holding não seja a “soma dos seus negócios.”
“Queremos que ela seja uma holding estratégica que busca gerar cada vez mais valor. E não uma consolidadora de negócios.”
O anúncio foi feito agora há pouco no Investor Day do Ultra.
Lutz disse ainda que a holding está constantemente olhando outros negócios e pode fazer novas aquisições em breve — mesmo depois de ter comprado recentemente uma participação de 40% na Hidrovias do Brasil avaliada hoje em pouco mais de R$ 1 bilhão.
“Nosso foco é em setores onde vemos um claro potencial de geração de valor e em negócios onde possamos ser os melhores acionistas,” disse o CEO.
A estrutura de capital do Ultra permitiria novos investimentos com relativa tranquilidade. A companhia fechou o segundo tri com uma dívida líquida de R$ 7,7 bilhões e alavancagem de 1,2x EBITDA — 0,9x menor que no mesmo período do ano passado.
No Investor Day, a companhia também deu updates sobre seus negócios.
Na Ultracargo, que opera 8 terminais portuários, o principal destaque é uma expansão da capacidade. A companhia está construindo ou expandindo cinco terminais, num investimento de R$ 800 milhões até o final deste ano.
O objetivo é aumentar a capacidade de armazenamento em 15% até o final do ano que vem. “É o maior investimento da história da Ultracargo,” disse Pizzinatto. “Estamos construindo um terminal do zero em Tocantins e expandindo o de Santos, Rondonópolis e Itaqui. E tudo isso em paralelo.”
Na Ultragaz, o principal tema é a evolução das novas energias. A companhia recentemente adquiriu a Wtz, entrando no mercado livre de energia e ampliando suas soluções energéticas de alta tensão, e tem crescido no gás natural comprimido (GNC) e no biometano.
“O GNC já é uma operação madura. A grande novidade aqui é a forte demanda pelo biometano. Só não vendemos mais porque não tem molécula disponível,” disse o CFO.
Na Ipiranga, Pizzinatto disse que a empresa viu evoluções importantes no tema das adulterações e irregularidades no setor.
“É um tema que não está concluído, mas teve avanços importantes, seja com a aprovação da monofasia da gasolina e do diesel ano passado, seja com o aumento da fiscalização – com o fim de um benefício irregular no Amapá – e com a cassação de distribuidores ilegais em São Paulo e no Rio.”
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