A Beep Saúde — a líder no mercado de vacinas e exames a domicílio no Brasil — acaba de levantar R$ 100 milhões numa rodada que avaliou a empresa em R$ 1,2 bilhão (post money).
O valuation é quase o dobro do alcançado pela startup em sua captação anterior, em 2021, quando ela levantou R$ 110 milhões e foi avaliada em R$ 670 milhões.
A rodada foi liderada pela gestora americana Lightsmith, em seu segundo investimento no Brasil e o primeiro numa startup de saúde.
A captação de hoje também teve a participação de um outro novo investidor: a Actyus, a gestora de Sergio Furio, o CEO da Creditas. Incluiu ainda David Vélez, o fundador do Nubank; e o CZI, o fundo de Mark Zuckerberg e sua esposa Priscilla Chan, que já eram investidores.
Com sede em Nova York, a Lightsmith tem cerca de US$ 200 milhões em ativos sob gestão e é focada em startups que tenham algum componente de adaptação às mudanças climáticas.
“Chegamos no breakeven ano passado e não estávamos buscando uma rodada agora, mas duas coisas nos fizeram seguir com a captação. Essa tese de climate deles e o fato de que achamos que existe uma janela clara para expandir a saúde domiciliar no Brasil,” o fundador Vander Corteze disse ao Brazil Journal.
Segundo ele, um dos componentes chave para essa expansão é uma logística eficiente, o que demanda muito investimento em tecnologia.
“Para investir tudo o que queremos em tecnologia não dava para fazer só com a nossa geração de caixa,” disse ele.
Segundo Corteze, para que o negócio da Beep seja financeiramente viável é preciso que os enfermeiros visitem o maior número de pacientes no menor raio possível, e isso só é possível com ganho de escala e o capex em tecnologia.
“No começo, o deslocamento médio de um atendimento para o outro era de 10 quilômetros. Hoje já caiu para 5 quilômetros e o nosso objetivo é levar esse número para 1 km,” disse ele.
Por conta disso, o objetivo da Beep não é crescer para novos estados no curto prazo, e sim adensar cada vez mais aqueles onde já está presente: São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal.
“Só vamos para outro estado se surgir alguma parceria específica com algum plano de saúde, por exemplo, que nos dê uma grande densidade logo na largada,” disse Corteze.
Fundada em 2018, a Beep começou apenas com a aplicação de vacinas a domicílio, um mercado no qual já é líder no Brasil, mesmo considerando as aplicações em farmácias e laboratórios.
Três anos depois, ela entrou no mercado de exames laboratoriais, que é 5 vezes maior que o de vacinas e movimenta quase R$ 30 bilhões por ano.
Hoje a Beep fatura perto de R$ 300 milhões/ano, dos quais dois terços vem da vertical de vacina e um terço dos exames. O objetivo de Corteze é que os exames representem mais da metade do faturamento nos próximos anos, já que a margem bruta é quase o dobro (25% para as vacinas e 40% para os exames).
A empresa tem crescido a uma taxa média anual de 60% nos últimos anos, com a vertical de exames crescendo 80% ao ano, e a de vacinas, 50%.
Agora, a Beep acaba de entrar no mercado de infusões — um nicho pequeno mas com um tíquete médio extremamente elevado.
A companhia fechou uma parceria com a Bradesco Seguros para atender os beneficiários da operadora. Segundo Corteze, o número de pessoas com doenças crônicas e autoimunes é baixo no Brasil, “mas é um tíquete médio muito alto, de cerca de R$ 5 mil por aplicação, e são pacientes que têm uma frequência alta, precisar aplicar a infusão 1 ou 2 vezes por mês por muitos anos.”
A estimativa da Beep é que em 2025 a operação de infusões já faça R$ 50 milhões de receita, chegando a mais de R$ 100 milhões no médio prazo.
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