A Simpar — a holding de Fernando Simões que é dona da JSL, Vamos e Movida — acaba de anunciar uma mudança societária que vai dar origem a uma quarta empresa listada em seu portfólio.
A Vamos fará o spinoff de seu negócio de concessionárias de caminhões, que já nascerá listado, permanecendo focada apenas na locação de caminhões e máquinas. Depois da cisão, essa nova empresa vai incorporar a Automob, a rede de concessionárias de veículos leves da Simpar.
A operação vai criar uma nova empresa com faturamento de R$ 12,7 bilhões (R$ 9,4 bi da Automob e R$ 3,3 bi da Vamos Concessionárias), EBITDA de R$ 418 milhões e lucro líquido de R$ 20 milhões.
A dívida líquida será de R$ 1,6 bilhões – ou 3,8x EBITDA – considerando uma captação que esta nova empresa terá que fazer para pagar pela compra da Automob.
A Automob tem 120 lojas de marcas como Jeep, BMW, Volks, Fiat, Toyota, BYD, Ford e Hyundai. Já a Vamos Concessionárias tem 72 lojas de marcas como Volks, Fendt, Komatsu, e Valtra.
A operação atende a uma demanda antiga dos investidores da Vamos, que sempre preferiram ter uma empresa focada apenas na locação, sem o componente de varejo.
“Eles estão tirando a volatilidade do varejo do negócio da Vamos e criando uma empresa líder no setor de concessionárias e que agora vai ser muito mais diversificada,” disse uma fonte próxima à empresa.
A aquisição da Automob será paga parte em cash, parte em ações. A nova empresa vai pagar R$ 1 bilhão à Simpar pela Automob.
Após a transação, a Simpar terá 64,1% da nova empresa, os acionistas minoritários da Vamos, 21,4%, e os minoritários da Automob (donos de concessionárias adquiridas), 14,4%.
Os acionistas da Vamos vão receber 0,22 ação da nova empresa para cada ação que possuem hoje na empresa, além de manter sua posição no negócio legado.
A nova companhia será liderada pelo CEO da Automob, Antonio Barreto.
A transação vem num momento em que a operação de concessionárias da Vamos está sofrendo, impactada principalmente pelo ciclo de baixa do agronegócio. A vertical tem operado nos últimos trimestres com EBITDA e lucro líquido negativos.
“O agronegócio piorou muito a partir do ano passado e 2023 foi um ano de troca da tecnologia, com a entrada do Euro 6. Quando tem essas mudanças todo mundo antecipa as compras na véspera da troca da tecnologia e os primeiros anos após a mudança tem uma demanda menor,” disse a fonte. “Mas com o tempo isso volta ao normal. A tendência de longo prazo para o negócio é muito positiva.”
Já a Automob passa por um momento de integração dos ativos depois de ter crescido nos últimos anos com aquisições que levaram a receita de R$ 618 milhões em 2020 para os R$ 9,4 bilhões de hoje.
O plano para a nova empresa é seguir com essa estratégia de consolidação — com o diferencial de agora ser uma empresa listada, o que cria uma moeda de troca poderosa para negociar novas transações.
Para a Simpar, a entrada dos recursos da venda da Automob deve ter um impacto positivo em sua alavancagem, uma das grandes preocupações do mercado.
A holding — que opera hoje com uma alavancagem de 3,3x EBITDA — deve reduzir esse número para 2,5x após a transação.
Para negociar os termos da operação, a Vamos vai constituir um comitê independente. A operação ainda precisará ser aprovada pelos acionistas minoritários da Vamos numa assembleia com data ainda não definida.
A Simpar está sendo assessorada pelo Morgan Stanley.
A Vamos tem a assessoria do BTG Pactual.
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