MEMÓRIA: Luis Souza, advogado magistral e amigo extraordinário

Luis Souza — o fundador do Souza Cescon e um dos advogados mais respeitados do País na área de project finance e infraestrutura — faleceu hoje depois de sofrer um ataque cardíaco fulminante. 

Ele tinha 62 anos.

Luis começou sua carreira no Machado Meyer, onde rapidamente se tornou um dos principais (e mais jovens) sócios do escritório. Em 2001, deixou a sociedade junto com um grupo de advogados para fundar o Souza Cescon, numa das primeiras grandes cisões de escritórios de advocacia do Brasil.

Na nova casa, foi um dos responsáveis pelo crescimento acelerado nos primeiros anos: o Souza Cescon saiu do zero para uma das maiores firmas do País. 

Em 2018, depois de uma briga societária que acabou na Justiça, Luis deixou o escritório que fundara com Maria Cristina Cescon e abriu o Souza Mello Torres, onde ficou até 2022. Saiu dali para abrir uma boutique jurídica que levava seu nome.

O processo que ele havia impetrado contra o agora Cescon Barrieu — pedindo uma indenização por sua saída com base num valuation de fluxo de caixa descontado — ainda corria na Justiça. Luis faleceu sem ver um desfecho. 

“Ele era um grande advogado, na melhor formação do termo, que é aquele que fala em nome do cliente e age sempre pensando no melhor interesse dos outros. E ele sempre teve essa característica durante toda sua trajetória pessoal e profissional,” disse Fabrício Cardim, que foi sócio de Luis nos cinco anos em que ficou no Souza Mello Torres, hoje rebatizado de Mello Torres. 

“Era um ser humano muito bondoso e que se preocupava muito com os outros. Sempre buscava saber como as pessoas estavam no dia a dia do trabalho.”

Era também um advogado atento, que ouvia mais do que falava. “Mas sempre que ele intervia era para dizer coisas precisas e com uma visão bastante estratégica e institucional,” disse Cardim.

Nos últimos anos, o maior cliente de Luis foi o Grupo Pão de Açúcar, com quem trabalhou durante todo o processo de venda da participação do Casino e da reestruturação societária da varejista. 

Naquelas transações — e em diversas outras — Luis trabalhou ao lado de Ricardo Lacerda, o fundador da BR Partners e um amigo de longa data. 

“Perdi um grande amigo e um dos meus maiores parceiros profissionais, com quem convivi por quase quarenta anos,” disse Ricardo. “Estou devastado. O Luis foi uma figura-chave de dois dos maiores escritórios de advocacia do País. Mas acima de tudo foi um ser humano incrível, um amigo generoso, e uma pessoa de um caráter a toda prova.”

Lacerda disse que não conhece ninguém que tenha, como o Luis, “enfrentado momentos de glória e outros tão amargos com a mesma dignidade.”

Luis Antonio Semeghini Souza nasceu em 1962, na cidade de Assis, no interior de São Paulo. Formou-se em Direito no Largo de São Francisco, na USP, e depois fez mestrado em direito corporativo em Oxford. 

Ao longo de sua carreira, atendeu clientes como a AES, Petrobras e CEMIG. Nas décadas de 1990 e 2000, participou da estruturação dos financiamentos dos maiores campos de petróleo da Petrobras, e mais recentemente trabalhou na estruturação do financiamento para o Porto de Açu, um dos grandes investimentos de infraestrutura da década.

Outro advogado que trabalhou com Luís disse que ele era um “cara muito inteligente, muito energético e com muita vontade de fazer as coisas.”

“Ele também tinha um ótimo senso de humor. Foi um grande chefe e mentor para mim no início da minha carreira.”

Luis deixa a esposa, Miriam, e os filhos Pedro José, Antônio Henrique e José Francisco.

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