O conselho da CSN aprovou uma proposta não-vinculante com a japonesa Itochu Corporation para a venda de uma participação minoritária de 11% na CSN Mineração – uma operação que vai ajudar na desalavancagem da companhia de Benjamin Steinbruch, uma das grandes preocupações do mercado.
A CSN já vinha sinalizando há um tempo aos investidores que queria vender uma participação minoritária na empresa, sua subsidiária de mineração listada na Bolsa em 2021.
A Itochu hoje já é a segunda maior acionista da CSN Mineração, com 9,26% do capital. Fica atrás apenas da CSN, que tem 79,7% das ações. Outros acionistas relevantes são a Posco, com 1,86%, e a China Steel Corporation, com 0,41%.
Steinbruch disse ao Brazil Journal que a Itochu vinha pedindo há bastante tempo para aumentar sua participação na CMIN.
“A gente viu a oportunidade de fortalecer o relacionamento empresarial com eles e numa negociação a um preço bastante justo que vai ajudar na desalavancagem, que é um compromisso nosso com o mercado,” disse ele.
O valuation da transação só será público depois que a operação for aprovada nas assembleias das duas empresas e pelo CADE.
Steinbruch disse, no entanto, que a venda foi feita a um prêmio em relação ao preço de tela.
O prêmio parece ser significativo, já que enquanto o mercado projeta uma redução de 0,3x na alavancagem da CSN com a venda saindo a preço de tela, Steinbruch disse que a redução vai ser 0,5x.
Hoje a alavancagem da companhia é de 3,4x EBITDA, e o compromisso da empresa é levar o indicador para 2,5x.
A CSN Mineração vale hoje R$ 32,5 bilhões na B3, com a participação de 11% valendo cerca de R$ 3,6 bilhões ao preço de tela.
O Safra disse que mesmo no preço de tela a transação já teria saído a um bom valuation. “Apreciamos o fato da companhia ter sido capaz de garantir a venda a um valuation muito bom, com a CSN Mineração negociando a 6,2x o EBITDA estimado para o ano que vem, um prêmio de 78% em relação à Vale,” escreveu o banco.
Além da desalavancagem, Steinbruch disse que a transação é importante porque pode gerar outros negócios com a Itochu.
“Desse aumento de participação na CMIN, pretendemos gerar outras oportunidades de negócio, em trading, shipment, tecnologia e negócios financeiros,” disse o empresário.
A CSN já tem uma trading há um ano, e a ideia é acelerar a expansão global dessa operação. A Itochu poderia ajudar nessa frente, inclusive entrando como sócio deste negócio. “Faz todo sentido ter um parceiro internacional, e achamos que a Itochu seria a melhor empresa para isso,” disse ele.
A CSN também tem avaliado entrar no mercado de shipment, com a compra de navios usados ou novos, segundo Steinbruch.
A transação de hoje vem num momento em que a CSN negocia a compra da InterCement, que entrou em recuperação extrajudicial há um mês, com uma dívida de R$ 22 bilhões.
A companhia de Steinbruch fez uma proposta de R$ 10 bilhões pela cimenteira em maio, além de se comprometer a assumir as dívidas. A CSN prorrogou seu prazo de exclusividade na negociação — que venceria hoje — até 16 de novembro, nos mesmos termos da proposta original.
Steinbruch disse que a compra da InterCement está evoluindo, mas que há um compromisso de não aumentar a alavancagem. “A estrutura financeira que estamos fazendo e o EBITDA que eles vão trazer vai permitir fazer a aquisição mantendo o nosso nível de alavancagem,” disse ele.
O empresário disse ainda que a CSN não tem planos de vender mais da CMIN, já que acredita muito no negócio.
“Foi uma venda para atender a demanda da Itochu e numa negociação mais ampla para a expansão dos nossos negócios lá fora.”
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