A ação do Nubank está renovando suas máximas no meio da tarde desta terça, após a empresa anunciar os detalhes de sua estreia no mercado de telecom.
Depois de quase seis meses de um anúncio discreto de que iria se aventurar em telecom, o banco de David Vélez lançou o NuCel, seu serviço de telefonia móvel.
Criado para operar como um mobile virtual network operator (MVNO), usando a infraestrutura da Claro, o NuCel terá três planos: 15 GB por R$ 45 por mês, 20 GB por R$ 55 mensais e 35 GB por R$ 75.
Além disso, todos os planos incluem pacote de voz ilimitado – para ligações locais e internacionais –, WhatsApp ilimitado e um investimento exclusivo com rendimento de 120% do CDI, com limite de R$ 10 mil.
Osni Carfi, analista do BTG Pactual, calculou que o plano de entrada do NuCel é, em média, R$ 10 mais barato que a concorrência.
Enquanto o plano de entrada da Vivo é de R$ 55 por mês (por 14 GB), o da TIM começa em R$ 58 (15 GB + 10 GB de bônus) e o da Claro fica em R$ 55 (15 GB + 8 GB para YouTube e outras redes sociais).
“Clientes do controle e pré-pagos costumam ser muito sensíveis a preço, e um desconto de R$ 10 pode pressionar os incumbentes a fazerem mais promoções ou reduzir preços,” escreveu o analista.
O anúncio fez a ação do Nubank engatar uma alta de 2,9% na NYSE – atingindo um novo all-time high – ao mesmo tempo em que as ações da TIM e Vivo viraram de alta para quedas de 3,1% e 2,2%, respectivamente.
Mesmo assim, há quem esperasse mais agressividade do Nubank.
“Confesso que não vi sinais de disrupção no mercado. O preço é um pouco mais baixo, mas a oferta é bem parecida,” disse um analista.
Um ponto que pode prejudicar a adoção do NuCel pelos clientes do Nubank é a limitação do eSIM, o chip digital para telefonia. O problema é que diversos celulares de entrada (usados por muitos clientes do Nubank) não têm acesso a essa tecnologia.
O banco disse que já está trabalhando para desenvolver o chip físico com parceiros, mas não deu prazos.
Um analista também nota que o investimento a 120% do CDI pode ser um atrativo, mas não é tão atraente para os consumidores de alta renda.
O Nubank disse que decidiu entrar nesse mercado porque fez uma pesquisa com seus consumidores que mostrou que 70% dos problemas deles com telefonia eram relacionados ao atendimento.
“São pontos de dor que o Nubank sabe trabalhar bem,” disse a CEO Livia Chanes.
Em um relatório de maio, o analista Bernardo Guttman, da XP, disse que a entrada do Nubank no setor era um possível ‘game changer’. Mas Guttman também lembrou que o mercado de MVNOs sempre teve dificuldades para ganhar tração no Brasil.
A entrada do Nubank num novo setor está em linha com a estratégia da companhia de ir além dos serviços financeiros.
“Podemos ser uma plataforma de produtos e serviços fora dos serviços financeiros,” disse Vélez em uma entrevista recente ao Brazil Journal. “Podemos ter milhões de clientes digitais e criar um flywheel poderoso: mais produtos trazem clientes, mais clientes trazem escala, mais escala traz eficiência – e isso nos permite cobrar menos.”
A ação do Nubank sobe 97% nos últimos doze meses, com o banco valendo US$ 75,5 bilhões na Bolsa de Nova York.
O anúncio vem num momento em que o short interest do Nubank está próximo da máxima histórica – com 6% do float. O banco reporta os resultados do seu terceiro trimestre no próximo dia 13.
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