A Fundação Estudar está trocando seu CEO e fazendo o spinoff de uma de suas verticais — dois movimentos com o objetivo de aumentar o foco da ONG em seu core e de tornar a fundação perene.
O novo CEO será Lucas Mendes, que foi bolsista da Fundação Estudar em 2014: é a primeira vez na história da fundação que um de seus bolsistas vai comandá-la.
Depois de se formar em Direito na UFMG e fazer um mestrado em Berkeley financiado pela Estudar, Lucas trabalhou na ONU e no CADE, co-fundou o Cubo Itaú, foi CEO do WeWork no Brasil e, mais recentemente, liderou a Lumiar, uma rede de escolas de educação básica.
Lucas vai substituir Anamaíra Spaggiari, que estava há 11 anos na Fundação, os últimos seis como CEO.
Ana Paula Martinez, a vice-presidente do conselho da Fundação Estudar e sócia do Levy & Salomão Advogados, disse ao Brazil Journal que o perfil de Lucas chamou atenção pela experiência recente que ele teve com educação e pelo fato de ter sido bolsista.
“Por ser um ex-bolsista, ele consegue enxergar melhor os desejos da comunidade e ver o que a comunidade tem a oferecer,” disse ela.
A conselheira disse ainda que um dos principais mandatos de Lucas será tornar a fundação perene — garantido sua perpetuidade independente do financiamento dos três fundadores: Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles.
“Temos que reconhecer o legado deles mas tornar a fundação cada vez mais independente,” disse Ana Paula. “Também precisamos analisar constantemente como potencializar os talentos. Estamos fazendo o processo certo? Precisamos olhar para outros lugares? Será que todo mundo que se destaca está vindo para cá?”
Hoje 35% da receita da ONG vem dos três fundadores, 40% de doadores, 18% de empresas, e o restante de outras fontes. O objetivo, segundo Ana Paula, é que a parcela que vem dos fundadores não passe de 20%, com a expansão das outras fontes.
A Fundação Estudar também acaba de criar um endowment – para que seu rendimento financie o programa de bolsas.
Esse endowment hoje tem R$ 50 milhões, e a meta é chegar a R$ 250 milhões — o que permitiria cobrir o orçamento anual de bolsas da fundação (cerca de R$ 15 milhões/ano).
Além do novo CEO, a Fundação Estudar está fazendo o spinoff de uma de suas verticais, a Na Prática, que está sendo incorporada pela área de filantropia do BTG Pactual.
Ana Paula disse que a ONG decidiu fazer o spinoff para direcionar seus recursos para seu projeto core, a concessão de bolsas de estudos (principalmente para faculdades do exterior) e a formação de novas lideranças.
“Decidimos focar mais no que achamos que é nosso DNA e onde causamos o maior impacto,” disse ela.
Criada em 2011, a Na Prática ajuda jovens a se inserir no mercado de trabalho com cursos e feiras de estágio. O BTG está incorporando toda a equipe de 14 pessoas, além de Anamaíra Spaggiari, a CEO que está de saída da Estudar e que vai liderar o negócio dentro do banco.
Fundada em 1991, a Fundação Estudar já financiou bolsas para 850 jovens estudarem no exterior. Mais recentemente, criou o Tech Fellows, que ajudou 75 jovens com bolsas na área de tecnologia.
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