CSD consegue licenças e fica mais perto de uma nova Bolsa

A CSD BR — que tem o Santander, o BTG e a CBOE como sócios — acaba de dar mais um passo em seu plano de criar uma nova Bolsa de Valores no Brasil, acabando com o monopólio da B3.

A companhia — que até agora atuava apenas com uma registradora — conseguiu hoje as licenças do Banco Central para operar uma depositária, que assegura a titularidade dos ativos, e uma câmara de liquidação, que garante a entrega dos ativos e o pagamento das operações. 

Essas licenças ainda não permitem que a CSD opere como uma Bolsa, e ela precisa ainda da licença de CCP (a contraparte central, que dá liquidez para as milhares de transações que acontecem na Bolsa) e de uma aprovação da CVM para se tornar uma plataforma de negociação pública de ações. 

A CSD BR vai entrar ainda este mês com o pedido da licença de CCP, e espera que ela saia até 2027. 

O CEO Edivar Vilela de Queiroz Filho disse ao Brazil Journal que com as duas novas licenças o mercado endereçável da companhia multiplica por 4 vezes, saindo dos R$ 600 milhões de hoje para R$ 2,5 bilhões. 

Se conseguir a licença de CCP, esse mercado subiria para R$ 8 bilhões, nas contas da companhia. 

Como registradora, a CSD BR podia fazer o registro das emissões primárias de todos os tipos de ativos, da renda fixa à renda variável, atendendo basicamente os bancos que fazem a emissão desses títulos. 

“Agora, vamos poder atuar também nas transações secundárias e trabalhar com corretoras, liquidação, e montar plataformas de negociação bilateral,” disse Edivar. 

Segundo ele, a CSD BR se tornou a segunda empresa do Brasil a ter as licenças de depositária e liquidante, junto com a B3.

A ATG — que está criando uma nova Bolsa de Valores com sede no Rio e tem o Mubadala como controlador — não tem nenhuma licença ainda e, por enquanto, precisaria usar a infraestrutura de outros players para operar. 

Numa entrevista recente ao Brazil Journal, o CEO Claudio Pracownik disse que a companhia está investindo para criar sua própria clearing e espera que sua Bolsa esteja operando já no final do ano que vem, antes da CSD BR. 

A CSD BR foi criada em 2018 por Edivar, que faz parte da família controladora da Minerva Foods. A B3 havia comprado a CETIP no ano anterior, e Edivar achou que o mercado precisava de uma alternativa à concentração. 

Na época, o fundador levantou uma rodada de R$ 40 milhões com famílias e, em 2022, captou outros R$ 200 milhões com o Santander, o BTG Pactual e a Bolsa de Chicago (CBOE), uma das principais Bolsas de derivativos do mundo. 

Segundo Edivar, será necessário investir mais US$ 50 milhões nos próximos três anos para viabilizar a nova Bolsa — além do que já foi investido até agora. 

“A companhia já gera caixa e não consumimos nada do que levantamos na última rodada. Então temos plenas condições de fazer esse investimento sem precisar de novas captações,” disse ele. 

A companhia deve faturar R$ 20 milhões este ano e espera elevar esse montante para R$ 80 milhões no ano que vem. Além das novas licenças, a CSD BR está montando um time comercial para acelerar as prospecções de novos clientes.

“Essas novas licenças também devem destravar algumas vendas, porque o incumbente fazia muitas vendas em bundle, fazendo uma tabela progressiva que juntava vários produtos. Então ele podia oferecer a registradora muito barato e compensar com os outros produtos,” disse Edivar. “Agora, vamos conseguir fazer quase essa mesma oferta.”

A CSD BR pretende lançar a Bolsa em fases, e as prioridades estão sendo discutidas, segundo Edivar.

“Mas gostamos muito do mercado de derivativos pelas sinergias que existem com a CBOE,” disse ele. “Em paralelo, vamos tocar também a questão das negociações de ações. O foco inicial deve ser esse, mas no final vamos ter tudo.”

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