O Galeão voltou. Agora, a Infraero pode dar um passo atrás

No ano passado, o Galeão, um dos maiores aeroportos do Brasil, estava às moscas — com sua concessionária chegando ao ponto de ameaçar devolver o ativo.

Para se ter uma ideia, apenas 10% da capacidade estava sendo utilizada, com menos de 4 milhões de passageiros/ano circulando pelo aeroporto — em comparação à previsão original do leilão de atender 30 milhões de viajantes.

Depois de meses de lobby intenso do Prefeito Eduardo Paes e do Governador Cláudio Castro, uma portaria do TCU trouxe a luz no fim da pista, limitando o número de passageiros/dia do Santos Dumont — o que automaticamente levou voos para o Galeão, que fica numa região mais distante da cidade do Rio de Janeiro.

De lá para cá, o Galeão está bombando, e deve fechar este ano com cerca de 14,6 milhões de passageiros atendidos.

O aumento veio tanto de voos domésticos quanto de voos internacionais. Pelo menos 15 companhias aéreas aumentaram suas operações no Galeão, que passou a ser um hub importante para conexões internacionais.

A American Airlines, por exemplo, criou uma rota para Dallas e aumentou a frequência de voos para Nova York e Miami. A Aerolíneas Argentinas também criou duas novas rotas, para Córdoba e Rosário, e aumentou a frequência para Buenos Aires. Há diversos outros exemplos.

Agora, no entanto, os avanços do último ano podem sofrer um retrocesso.

O Ministério de Portos e Aeroportos está avaliando flexibilizar as restrições do Santos Dumont a partir de 2025, liberando mais passageiros para o aeroporto.

O aeroporto — no Centro do Rio — chegou a operar com mais de 10 milhões de passageiros/ano em 2023, quando a portaria colocou um teto em 6,5 milhões. Essa portaria já previa uma revisão anual da limitação, o que está sendo estudado agora.

A expectativa do Ministério de Portos e Aeroportos é rever a limitação para algo entre 7 milhões e 8 milhões — desde que não haja “queda na qualidade do serviço” e que o impacto na economia do Rio e no balanço do Galeão “seja mínimo,” nas palavras do Ministério.

Nicola Miccione, o Secretário da Casa Civil do Estado, disse ao Brazil Journal que a retomada do protagonismo do Galeão é boa para todo o Rio, e que o Estado é contra “um aumento pelo aumento.”

“Nossa posição é técnica. Não vamos brigar com o Ministro se ele fizer um estudo técnico que mostra que a capacidade do Santos Dumont agora é de 7 milhões e que isso não vai impactar o Galeão e a economia do Estado. Mas por enquanto, o estudo que temos da Anac e do Governo Federal mostra que a capacidade é de 6,5 milhões.”

Ele lembrou que o Rio funciona como um sistema multi aeroportos e que depois da limitação do Santos Dumont o sistema como um todo cresceu — um sinal de que a decisão foi acertada.

De janeiro a outubro deste ano, o número de passageiros dos dois aeroportos chegou a 16,8 milhões, um aumento de 4,5% na comparação anual, com a alta impulsionada pelos passageiros internacionais, que saltaram de 2,87 milhões em 2023 para 3,7 milhões este ano.

O volume de cargas transportadas nos aeroportos do estado também cresceu 41% – e o Galeão está movimentando seu maior volume dos últimos 10 anos.

O aumento “está totalmente conectado ao Galeão, porque lá os aviões não tem limitação de peso. No Santos Dumont, como a pista é menor, eles têm que andar mais leves,” disse Nicola.

Na Prefeitura do Rio, a reação à notícia foi ainda mais dura. “Não bastasse o impacto no Galeão e na economia do Rio, as restrições ambientais e no trânsito da região já são motivos mais do que suficientes para normas estaduais e municipais serem aplicadas impedindo esse aumento,” Eduardo Paes disse em suas redes sociais. “Não passarão.”

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