Um computador experimental usando o Willow, o novo chip quântico do Google, consegue resolver em 5 minutos um problema que levaria 10 septilhões de anos para ser solucionado pelos mais rápidos supercomputadores em atividade.
O número 10 setilhões é o 1 seguido de 25 zeros (ou 10^25), um valor superior em muito aos 13,8 de anos da idade estimada para o Universo. Escrito apenas com numerais, fica assim: 10.000.000.000.000.000.000.000.000.
A computação quântica busca resolver problemas mais rapidamente do que nos computadores tradicionais usando, para isso, fenômenos da física de partículas da mecânica quântica.
Essas propriedades, como matérias que se comportam com partícula e onda, ocorrem em sistemas próximos ou abaixo da escala atômica.
“O Willow é um passo importante em nossa jornada para construir um computador quântico com aplicações práticas em áreas como descoberta de medicamentos, fusão nuclear e design de baterias,” disse Sundar Pichai, o CEO da Alphabet, a controladora do Google.
Hartmut Neven, o fundador do Google Quantum AI, disse que o Willow reduz os erros exponencialmente, permitindo escalar o uso de qubits – de “quantum bit,” as unidades de processamento dos computadores quânticos.
O avanço tecnológico foi descrito em um artigo publicado pelos pesquisadores do Google na revista científica Nature.
Como explicou Neven em um texto no blog da empresa, os erros no processamento são o maior desafio para a computação quântica – e, tipicamente, quanto mais qubits, maiores os erros.
Com o Willow, isso teria sido alterado – ao menos nas simulações teóricas feitas pelo Google.
“Quanto mais qubits usamos com o Willow, mais reduzimos erros, e mais quântico se torna o sistema,” escreveu Neven.
As partículas tendem a interagir com o ambiente, então a redução de erros de processamento exige que os computadores estejam em um ambiente com temperaturas próximas ao zero absoluto, ou seja, 273º C negativos. Essa é, por enquanto, uma das barreiras para escalar a tecnologia.
A computação quântica recebe bilhões de dólares de investimentos ao redor do mundo, com empresas e nações buscando a supremacia em uma tecnologia que poderá ser a nova fronteira da tecnologia de informação.
Os computadores quânticos poderão acelerar o desenvolvimento da inteligência artificial, tanto no treinamento dos modelos como na inferência – o processo de ‘raciocínio’ dos sistemas.
O Willow foi recebido como um marco na computação – e celebrado por analistas e investidores.
Desde a divulgação da novidade, na terça-feira, as ações da Alphabet já subiram mais de 10%, e a companhia recuperou parte do deságio em relação às outras Magnificent Seven. Desde a mínima do ano, em setembro, a ação já subiu 30%.
Segundo o Bank of America, o desenvolvimento do chip quântico reforça o call de compra para as ações da Alphabet, que “tem um longo histórico de inovação e está com um valuation subestimado.”
O BofA tem um preço-alvo de US$ 210 para o papel, que fechou hoje em US$ 195,80.
“O uso comercial da tecnologia quântica ainda vai levar alguns anos, mas o Willow tem potencial de construir uma nova vantagem competitiva (moat) para a Alphabet,” escreveram os analistas do BofA.
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