Creditas levanta FIDC de R$ 800 milhões para financiar carros e crédito com garantia

A Creditas acaba de levantar R$ 800 milhões para um FIDC focado na operação de ‘auto equity’ e ‘auto financing’ – suas operações de crédito com garantia e financiamento de automóveis, respectivamente. 

A oferta teve demanda de R$ 2,3 bilhões no bookbuilding, quase três vezes o volume ofertado. 

“Esse FIDC é o maior que nós levantamos e é emblemático, ainda mais pelo cenário turbulento e de juros em alta,” o fundador e CEO Sergio Furio disse ao Brazil Journal

A operação teve a Angá Asset como gestora do fundo e o Daycoval como administrador e custodiante.

Este foi o 12º FIDC levantado pela Creditas desde sua fundação em 2019. No total, a empresa já emitiu cerca de R$ 5 bilhões em FIDCs e outros R$ 2 bilhões em CRIs, voltados para seu braço de home equity, que empresta tendo um imóvel como garantia.

Erica Stols, a vice-presidente de tesouraria e DCM da Creditas, disse que o mercado de capitais continua como o principal pilar da estratégia de funding da empresa.

O valor do FIDC levantado hoje vai totalmente para a operação de automóveis da companhia, que representa a maior parte do faturamento da Creditas; a empresa não abre os percentuais exatos.

No primeiro tri, a originação do auto equity cresceu 59%, puxada pelo maior investimento na aquisição de leads.

Dois anos atrás, a empresa mudou sua estratégia para o segmento e encerrou sua operação de recondicionamento e venda de veículos – uma aposta similar à da Kavak – para focar apenas na intermediação.

“Gostávamos dessa estratégia e existiam sinergias, mas lançamos o serviço quando a taxa de juros era 2%. Segurar carros no balanço com os juros acima de 10% dificulta muito a rentabilidade,” disse Furio. 

O CEO também disse que, mesmo com os juros na casa dos 15%, a Creditas deve crescer por volta de 25% em 2025.

No primeiro tri, a Creditas fez uma receita de R$ 548 milhões, um crescimento de 13% na comparação anual e de 3,4% contra o último tri de 2024. 

Já a originação de empréstimos subiu 44,1% na comparação anual e 7,2% trimestre a trimestre, chegando a R$ 863 milhões entre janeiro e março. A carteira total da Creditas é de R$ 6,2 bilhões. 

O bottom line, no entanto, ficou no vermelho. O prejuízo operacional foi de R$ 59,5 milhões – revertendo o lucro de R$ 1,4 milhão registrado um ano antes. 

Furio disse que o resultado foi em linha com o esperado e que a empresa continua gerando caixa, mas opta por reinvestir os ganhos em oportunidades de crescimento. 

“Mantemos o caixa neutro. O que acontece é que temos um lucro negativo: o tipo de crédito que damos nos obriga a reconhecer provisões que não necessariamente vão acontecer lá na frente,” disse.

Uma das oportunidades de crescimento para a companhia este ano será o consignado privado. Em março, a Creditas começou a migrar os contratos de consignado que tinha para a nova modalidade.

Mas segundo Furio, a ideia é adotar uma abordagem conservadora nesse primeiro momento. 

“Vemos potencial grande no produto, mas é muito cedo para fazer grandes apostas, pois há muitos fluxos que ainda estamos monitorando para ter uma posição. Vemos esse produto como uma maratona,” disse.  

Hoje a Creditas já possui um FIDC de consignado privado com um patrimônio líquido de R$ 594 milhões. Se o eConsignado deslanchar, a Creditas pode realizar novas emissões. 

Furio disse que continua vendo o IPO como possibilidade, mas que está construindo a empresa para o longo prazo. Ele também considera possíveis novas captações de equity.

“Hoje em dia, como não fazemos queima de caixa, não precisamos de captação. Mas podemos fazer algo diante de uma boa oportunidade,” disse.

A última rodada da Creditas foi em 2022, quando a empresa levantou US$ 310 milhões a um valuation de US$ 4,8 bilhões. Os maiores acionistas do captable são a Kaszek Ventures, o SoftBank e o VEF. 

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