Renner bate consenso, prevê ganho de share e “deixa investidor sonhar”

A Renner entregou resultados acima das expectativas do mercado no segundo trimestre – mesmo após as enchentes no Rio Grande do Sul e um inverno mais quente, que impactou a venda de itens de frio.

Ou seja, tudo se encaminhava para um trimestre de queda nas vendas e promoções para queimar o estoque de casacos e jaquetas — mas não foi o que aconteceu.

Apesar de um same store sales tímido de apenas 2,7% (C&A e Guararapes reportaram 13% e 9%, respectivamente), a margem bruta de varejo da Renner subiu 2,3 pontos ano contra ano, para 56,2%. Os analistas esperavam um número abaixo de 55%.

O EBITDA também veio acima das expectativas, com uma alta de 39,2% para R$ 670,5 milhões – esse valor foi vitaminado por uma recuperação de créditos fiscais de R$ 51 milhões e pela cessão de direitos creditórios na Realize no total de R$ 15 milhões. 

O bottom line subiu 37% para R$ 315 milhões. 

Mesmo inflado com as receitas não-recorrentes, o mercado gostou do resultado. 

“Se a Renner continuar entregando essa alta da margem, ela está deixando a gente sonhar,” disse um analista. 

O CEO Fabio Faccio disse ao Brazil Journal que a primeira metade do trimestre foi dura, mas a partir da segunda metade o cenário melhorou.

O principal fator para a melhora foi a estabilização do centro de distribuição da empresa em Cabreúva, em São Paulo – que ajudou a varejista a diminuir o estoque, ao mesmo tempo que foi mais assertiva nas novas coleções.

“Nós já havíamos falando ao mercado que esses ganhos com o CD apareceriam no segundo semestre, mas eles vieram antes,” disse Faccio.

O executivo disse que os resultados continuam sendo positivos neste início de terceiro tri, e que a tendência é “de ganho de share, crescimento e com eficiência e rentabilidade por um longo ciclo.” 

A Realize, a financeira da Renner, também deve voltar a ser um motor de crescimento nos próximos trimestres, segundo Faccio, ainda mais com a queda da inadimplência – o NPL de 90 dias caiu 3,2 p.p na comparação anual.

“Já vemos uma evolução boa na Realize há três trimestres e a tendência é positiva,” disse Faccio. “Isso vai permitir que possamos melhorar a concessão e ajudar tanto a operação de varejo quanto a financeira.”

A expectativa de gestores e analistas é que o papel reaja bem ao resultado no pregão de amanhã. Mas, além dos números acima das expectativas, há uma questão técnica: há muito investidores vendidos que estavam esperando pelo pior. 

O short interest no papel é de 11% do float e equivale a 5,6 dias de negociação.

A ação da Renner cai 24% nos último doze meses. A empresa vale R$ 14 bilhões na Bolsa.

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