A PUC-Rio está lançando um endowment com o objetivo de levantar R$ 35 milhões até dezembro e R$ 500 milhões em 10 anos, tornando-se um dos maiores fundos deste tipo no Brasil.
A universidade — ligada ao Vaticano e administrada por padres Jesuítas — retomou os esforços de captação depois de já haver tentado uma iniciativa do tipo em 2019, que acabou paralisada por conta da pandemia.
A meta parece agressiva, mas a PUC-Rio conta com uma rede de alumni influente, nomes como Armínio Fraga, Pedro Malan, e empresários de referência no mercado financeiro, como o fundador da SPX, Rogério Xavier, e Alessandro Horta, um dos fundadores da Vinci Partners.
Horta e Xavier, por exemplo, já se comprometeram a doar.
O reitor da PUC-Rio, o padre Anderson Antonio Pedroso, disse ao Brazil Journal que o objetivo final do endowment é criar uma universidade 100% gratuita, em que todos os alunos possam estudar com bolsa.
Hoje, 40% dos pouco mais de 9.000 alunos da graduação já contam com bolsas, além de ajudas de custo para se manter durante o curso.
“Queremos uma universidade realmente democrática: baseada no talento e no mérito dos jovens, e não nas suas contas bancárias,” disse o reitor.
Com os R$ 35 milhões iniciais, Anderson diz que seria possível manter as políticas atuais de bolsa e os auxílios, além de avançar um pouco mais na iniciativa. Com os R$ 500 milhões, seria possível tornar a universidade 100% gratuita para todos.
Segundo o reitor, a marca atual — de 40% de bolsistas — já é um recorde histórico para a universidade fundada em 1940.
“A PUC nunca tinha chegado a esse número. E isso fala de algumas coisas. Primeiro, do empobrecimento da cidade e do acentuamento das desigualdades sociais com a pandemia,” disse ele. “Mas tem também um lado positivo, que é o crescimento da consciência de inclusão.”
Barbara Cristhian, a presidente da Associação dos Antigos Alunos da PUC-Rio, disse que a entidade planeja uma série de ações para ajudar na captação. A primeira será um jantar amanhã (dia 13) com um grupo seleto de 80 ex-alunos.
“Vamos apresentar o projeto para eles, e as formas de doar e de ajudar,” disse ela.
Além das bolsas e auxílios, Barbara disse que o rendimento do endowment será usado também para projetos de empregabilidade dos alunos da universidade, mentorias, e para investir em pesquisa.
Outra via de captação serão as empresas, por meio de suas fundações.
O endowment da PUC-Rio é o mais recente de uma onda de fundos deste tipo que têm sido lançados no Brasil por ex-alunos de universidades.
O maior deles hoje é o Amigos da Poli, que tem mais de R$ 50 milhões em recursos. Recentemente, no entanto, foram criados projetos em universidades como a UFSC, UFRJ, UFRGS e a UFBA. Há ainda o Sempre FEA, e o Sempre Sanfran, da Universidade de Direito da USP.
O surgimento dos endowments foi estimulado pela lei 13.800, aprovada no início de 2019 e que criou pela primeira vez a figura jurídica do endowment.
A lei estabeleceu normas de governança e deu segurança jurídica para a criação desse tipo de fundo, mas excluiu uma das principais demandas dos entusiastas do modelo: os incentivos fiscais.
Nos EUA, é possível abater até 50% do IR com as doações para endowments, o que ajuda muito nas captações. No Brasil, isso ainda não é possível.
Para tentar driblar essa barreira, uma das saídas que a PUC-Rio está estudando é adotar um modelo que permitiria a captação de recursos a partir dos Estados Unidos, usando a rede global dos Jesuítas para isso.
Hoje os Jesuítas fazem a gestão de 20 universidades americanas, incluindo a Georgetown University, em Washington, que tem um endowment próprio.
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