Os adolescentes cresceram e querem crédito; a NG.CASH captou para entregar

A NG.CASH – uma fintech que fornece contas digitais para a geração Z – acaba de levantar US$ 26,5 milhões (cerca de R$ 150 milhões no câmbio atual) para escalar produtos de crédito para os adolescentes que viraram maiores de idade.

A rodada Série B foi liderada pela NEA, a gestora americana de venture capital fundada em 1977 que já investiu em empresas como Robinhood, Coursera, Duolingo e Perplexity. 

Além dela, o Quantum Light, fundo criado pelo fundador da Revolut, Nikolay Storonsky, e a Endeavor Catalyst também entraram no cap table. Monashees e a16z, que participaram da Série A feita no ano passado, acompanharam o aporte.

A NG.CASH foi fundada em 2021 por Mario Augusto Sá, Antônio Nakad, Petrus Arruda e Luis Felipe Carvalho, um professor de empreendedorismo da PUC-Rio que deu aula para os três primeiros, como uma conta digital focada em adolescentes, que não tinham um olhar dedicado nos bancos e fintechs. 

Sá sentiu isso na pele. Aos 14, criou um canal de YouTube com outros dois amigos para fazer gameplays de Minecraft. O canal cresceu – hoje tem 17,1 milhões de inscritos – mas por ser menor de idade na época, Sá tinha problemas para receber o dinheiro conseguido com a audiência.

Em 2021, aos 23, decidiu criar um banco digital voltado para os menores de idade, e aí surgiu a NG.Cash. Anteriormente, Sá já havia sido um dos fundadores da companhia de banking as a service Trampolin, vendida para a Stone em 2020. (Não por acaso, o investidor-anjo da NG.CASH foi André Street, o fundador da Stone.)

Sá disse ter percebido que os bancos não se comunicam bem com os jovens e não ofereciam produtos que faziam sentido para eles – basicamente, ofereciam apenas uma extensão da conta dos pais. 

O primeiro diferencial foi oferecer uma experiência simples de onboarding. O app só pede alguns documentos e a autorização dos pais. 

Além disso, os clientes podem personalizar seus cartões com imagens da sua preferência e até mesmo colocar os apelidos de jogos ou nomes aleatórios no plástico – como “Peru GluGlu” e “Stonks”, por exemplo. 

Para dar segurança aos responsáveis, a fintech inicialmente oferecia apenas funcionalidades mais simples, como a conta digital e serviços de Pix, além de recarga de celular.

Depois foi acrescentando outros serviços, como consórcios para produtos como smartphones, videogames e motos – para os maiores de idade, claro. 

Trata-se de um consórcio em que pode se pagar em até 60 vezes, mas no qual todos são contemplados ao pagar as seis primeiras parcelas. Segundo Sá, a inadimplência está controlada – ele não revelou os números. 

A principal fonte de receita da fintech hoje vem da mensalidade de R$ 5 para ter acesso a conta – a NG.CASH tem 7 milhões de clientes. 

Mas por que um jovem que tem pouca ou nenhuma renda pagaria por serviços que seriam de graça em outros bancos? Segundo Sá, esses clientes já estão acostumados a fazer esses pequenos pagamentos na internet quando veem algum valor agregado.

“Essa geração já começou na internet pagando streaming, YouTube Premium e até fazendo doações para streamers,” ele disse ao Brazil Journal

Mesmo assim, há formas do cliente não precisar pagar a mensalidade: convidando novos amigos para a plataforma, baixando jogos de parceiros ou completando “missões” no aplicativo – que aposta na gamificação para reter os clientes.

Segundo Sá, as maiores oportunidades de crescimento agora estão no crédito. Como a primeira base de clientes envelheceu, eles estão demandando mais produtos, como o cartão pós-pago, seguros e afins.

A NG.CASH também pretende usar inteligência artificial para fazer ofertas personalizadas para os usuários.  

Para aumentar a base de usuários, a fintech vai continuar apostando em influenciadores e propagandas nas redes sociais. 

Atualmente, a NG.CASH tem parcerias com o MC Xamuel e a equipe de e-sports Los Grandes. Os fãs que criam uma conta no banco passam a ter acesso a uma série de layouts temáticos (as famosas “skins”) dos seus ídolos, tanto para o app quanto para o cartão – e, sim, os jovens valorizam muito isso. 

No começo do ano, a NG.Cash aumentou sua base em mais de 1 milhão de clientes ao absorver a base de clientes da Z1, até então sua principal concorrente e que havia recebido um aporte de R$ 54 milhões em 2023. A Z1 deixou de existir. 

“Não foi uma aquisição da empresa – apenas adquirimos os clientes e trabalhamos junto ao Banco Central para realizar a migração,” disse Sá.

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