A companhia de serviços industriais Priner está comprando a Real Estruturas e Construções, voltada para a montagem de equipamentos eletromecânicos.
A aquisição, de R$ 170,7 milhões, aumentará em 30% o faturamento da Priner e é a maior da história da companhia, que vale R$ 575 milhões na Bolsa. Desde que se tornou independente a partir de um spinoff da Mills, no final de 2012, a Priner já fez 10 aquisições – nenhuma com o porte da de hoje.
A Real Estruturas é uma empresa de Minas Gerais com experiência em montagem de equipamentos – como painéis elétricos, caldeiras, guindastes e esteiras, especialmente – para mineradoras como Vale, Anglo American e CSN, e a aquisição vai quadruplicar a receita da Priner no setor de mineração.
A Real teve no ano passado uma receita líquida de R$ 350 milhões, EBITDA de R$ 61 milhões e lucro líquido de R$ 34 milhões. Com isso, a Real vai passar a representar 35% do faturamento da Priner.
“A compra da Real significa a entrada da Priner em mais um setor de maiores margens, e seguimos no plano que foi apresentado ao mercado em 2021,” o CEO Túlio Cintra disse ao Brazil Journal.
O negócio, que precisa do aval do CADE, foi fechado a 4x lucro. A Priner vai pagar 88% em dinheiro e 12% em ações que estavam em tesouraria precificadas a R$ 12,35. (A empresa encerrou o dia negociando a R$ 12,31.)
O atual CEO da Real, Daniel Belém, terá 3,8% da Priner, tornando-se o quinto maior acionista da empresa. Os papéis têm um lockup de dois anos e meio.
A Leblon Equities é a maior acionista da Priner, com cerca de 17% do capital.
Belém continuará na companhia e vai comandar uma nova unidade de negócios, voltada para a montagem de equipamentos. Já o fundador Oswaldo Queiroz, que também era sócio e chairman, não seguirá na empresa.
A Priner, que nasceu como uma empresa de montagem de andaimes, vem aumentando a sua penetração em serviços especializados para grandes indústrias – desde pinturas industriais, engenharia de integridade e inspeção de equipamentos até manutenção civil – que possuem maiores margens.
Túlio define essa entrada em novos segmentos como um aumento da especialização da Priner.
“As pessoas pagam R$ 200 pela hora de um fisioterapeuta, por exemplo, e R$ 1 mil por um médico cardiologista,” disse o executivo. “O que nós estamos fazendo é trazer mais valor agregado para a companhia.”
Para alcançar esses novos mercados, a Priner virou uma compradora em série – especialmente após o seu IPO em 2020, que levantou R$ 200 milhões numa oferta primária.
A Real é a segunda aquisição da companhia desde o follow-on realizado no início do ano, quando a Priner levantou mais R$ 82 milhões.
Segundo Túlio, a aquisição não terá um grande impacto na alavancagem. Como a Priner espera aumentar seu EBITDA no segundo semestre, o CEO não vê a alavancagem passando de 2,5x – atualmente está em 2,2x.
A Priner estima que todas as suas empresas adquiridas devem faturar R$ 250 milhões em 2024. (No momento das aquisições, a soma do faturamento das companhias era de R$ 111 milhões.)
A companhia sofreu no primeiro semestre com a postergação de contratos de clientes, especialmente na área de óleo & gás.
De janeiro a junho, a receita líquida caiu 14,8%, e o EBITDA, 36% em relação ao ano passado. O lucro despencou de R$ 17,8 milhões para R$ 100 mil na mesma comparação.
“Foi um primeiro semestre difícil, mas os números de julho já foram ótimos e vamos nos recuperar no segundo semestre,” disse Túlio.
A ação da Priner sobe 14% nos últimos doze meses. A empresa vale R$ 575 milhões na Bolsa.
O posto Priner paga R$ 170 milhões pela Real no maior M&A de sua história apareceu primeiro em Brazil Journal.