A Raiar quer ter 2 milhões de galinhas orgânicas – um mercado que pode crescer 10x

A Raiar — uma das maiores produtoras de ovos orgânicos do Brasil — acaba de levantar R$ 50 milhões num financiamento de longo prazo com o Rabobank, fortalecendo seu caixa para executar um plano agressivo de expansão. 

A companhia — fundada há apenas três anos por executivos com ampla bagagem no agronegócio — tem hoje cerca de 220 mil galinhas que produzem 150 mil ovos por dia. Depois de faturar R$ 24 milhões ano passado, a Raiar espera faturar R$ 50 milhões este ano e R$ 100 milhões em 2025.

Diferente das grandes empresas do setor, como a Mantiqueira e a Granja Faria, que operam com diversos tipos de ovos, a Raiar foca apenas nos ovos orgânicos — aqueles produzidos por galinhas livres de gaiolas, que se alimentam apenas de grãos orgânicos e não recebem nenhum tipo de medicamento. 

A empresa já havia levantado outros R$ 50 milhões em equity no início do ano junto a investidores como o CEO da Natura&Co, Fábio Barbosa, e Otavio Castello Branco, um dos fundadores do Pátria. 

Com os recursos de hoje, a empresa terá R$ 100 milhões para focar na expansão de seu negócio, tentando surfar uma tendência que tem ganhado força nos últimos anos. 

“Existem três placas tectônicas se mexendo no universo da alimentação e do agronegócio no Brasil — e quando as três se encontrarem, isso vai gerar um terremoto enorme no setor,” Marcus Menoita, o cofundador e CEO da Raiar, disse ao Brazil Journal.

A primeira delas é a mudança na forma como se faz agricultura, com a redução do uso de agrotóxicos, fertilizantes e transgênicos. A segunda é a maior preocupação das pessoas com o bem-estar animal. E a terceira é uma preocupação crescente do consumidor com a procedência dos alimentos. 

“Essas mudanças afetam principalmente a cadeia de proteínas. E das três cadeias — carne vermelha; aves e suínos; e ovos — a de ovos é a mais pulverizada e com mais oportunidades de disrupção.”

Para Marcus, esse cenário vai levar a um crescimento significativo dos ovos orgânicos no Brasil. Ele estima que esses ovos hoje respondem por apenas 0,5% da produção do País, o equivalente a cerca de 1 milhão de galinhas. 

“Acreditamos que esse 0,5% vai chegar a 5% nos próximos anos, o que daria mais de 8 milhões de galinhas produzindo ovos orgânicos,” disse ele. “Ainda é um mercado de nicho, mas já é um belo nicho.”

Com o caixa robusto, a Raiar quer chegar a 2 milhões de galinhas nos próximos três ou quatro anos, conquistando um quarto deste mercado, o que “provavelmente nos tornaria a maior produtora de ovos orgânicos do Brasil.”

“Esse crescimento também torna a gente mais competitivo, gerando diluição de custos, melhora da margem operacional e do preço ao consumidor final.”

Hoje, o posto de maior produtor de ovos orgânicos é da Fazenda da Toca, a marca fundada por Pedro Paulo Diniz e adquirida em 2022 pelo Grupo Mantiqueira. A Fazenda da Toca tem hoje 350 mil aves e espera chegar a 500 mil no final do ano que vem. 

A Fazenda da Toca tem dois diferenciais em relação a Raiar: ela é verticalizada na produção de seus grãos, usados para alimentar as galinhas, e tem um custo logístico menor, já que se aproveita da rede de distribuição da Mantiqueira, a vice-líder de ovos no Brasil, com mais de 17 milhões de aves. 

“É um mercado no qual acreditamos muito e no qual estamos investindo, mas existe uma limitação, que são os grãos. Como não podemos usar nenhum agrotóxico, a produtividade é 50% menor que o normal,” disse Leandro Pinto, o fundador e controlador da Mantiqueira.

O financiamento da Raiar com o Rabobank tem prazo de cinco anos e carência de dois, e é o primeiro empréstimo de longo prazo captado pela Raiar. A companhia tem diversos outros financiamentos de curto prazo para capital de giro. 

A expectativa da Raiar é gerar um EBITDA positivo pela primeira vez este ano.

Marcus fundou a Raiar em 2020 depois de já haver fundado e vendido outra empresa do agronegócio: a NovaaAgri, que fazia infraestrutura para armazenagem de grãos e teve o Pátria como investidor. 

Depois que a NovaaAgri foi adquirida pela Toyota em 2015, Marcus continuou como executivo da empresa por mais três anos até deixar o negócio para começar a desenhar o plano de negócios da Raiar.

Os outros dois fundadores são Luiz Barbieri, que fez carreira na Dreyfus, onde foi diretor de grãos no Brasil depois de liderar o escritório da empresa na Índia e na China; e Leandro Almeida, que foi o COO da NovaaAgri. 

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