O carry trade do Japão morreu? Vida longa ao carry trade da China!
O Japão era conhecido por ter juros permanentemente próximos de zero, enquanto a China mantinha taxas reais positivas e oferecia uma alternativa rentável e segura para os investidores internacionais.
Agora os papéis estão se invertendo.
Os rendimentos dos títulos soberanos ultra longos de ambos os países convergiram para perto de 2,2%, eliminando o spread considerável que havia entre eles até pouco tempo atrás.
Na verdade, é a primeira vez que os rendimentos dos títulos da China caem abaixo dos do Japão.
Os yields chineses nunca foram tão baixos – ao menos desde que os números começaram a ser divulgados em 2002. Enquanto isso, o Japão é o único país desenvolvido onde as taxas estão em alta.
“Sabe qual é o carry trade que funciona agora? É o da China. Mas não é um carry trade clássico,” disse Andrew Reider, o CIO da WHG.
A aposta tem sido na desvalorização do yuan chinês.
“Um dos mais crowded trades dos hedge funds é ficar short na moeda chinesa,” disse o gestor. “Já desvalorizou bastante, e o yield foi fechando.”
Para conter uma desvalorização mais acentuada de sua moeda, a China poderá fazer uma intervenção na curva de juros – de maneira espelhada ao que fazia o Japão, ou seja, com o sinal invertido, buscando sustentar os yields.
“Os chineses estão tentando evitar que o rendimento dos títulos de 10 anos não caia abaixo de 2%. Querem assustar os estrangeiros para que não fiquem tão vendidos no yuan, mas não tem funcionado,” disse Reider. “O bond longo fechou ainda mais.”
Há dois anos, o rendimento dos títulos soberanos chineses mais longos, com vencimento em 50 anos, estava ao redor de 3,5%. Enquanto isso, no Japão os títulos de 40 anos pagavam pouco mais de 1%.
Esse spread que por muito tempo se manteve acima de 3 pontos agora está zerado – e, na realidade, a inversão de papéis só não foi mais acentuada porque o governo chinês faz intervenções e usa os controles de capital para conter uma desvalorização mais acentuada de sua moeda.
“Uma das razões de as pessoas estarem pessimistas com a China é que a solução para o endividamento seria fazer o que o Japão fez – deixar o juro ir para quase zero, fazer quantitative easing e assim refinanciar as dívidas,” disse Reider.
“Mas eles estão muito preocupados com a moeda. O carry trade iria aumentar, acham que isso dá um sinal para o povo, que o país não está indo bem se a moeda começar a cair muito,” disse o gestor. “Então os bancos que estão meio fazendo o resgate no problema dos créditos imobiliários – e acho que essa é uma política errada.”
O posto China, com yields em queda, atrai carry trade e é o novo Japão apareceu primeiro em Brazil Journal.