O Warburg Pincus acaba de anunciar que comprou uma participação minoritária relevante na Contabilizei — a plataforma de serviços de contabilidade para micro e pequenas empresas.
A gestora de private equity colocou US$ 125 milhões numa transação 100% secundária que deu saída total à Kaszek, que investiu na empresa em 2015, e saída parcial às gestoras Point72 e Quona.
Com a operação, o Warburg Pincus se torna o maior acionista individual da Contabilizei. O segundo maior é o Softbank, que liderou uma rodada de R$ 320 milhões em 2022.
“Estamos namorando a Contabilizei há mais de um ano, mas ela é uma companhia que não precisa de capital primário hoje, porque já captou muito e é muito eficiente,” Bruno Maimone, o gestor do Warburg Pincus responsável pelo investimento, disse ao Brazil Journal. “Por isso, encontramos esse ângulo da secundária.”
Segundo ele, a automação de contabilidade e impostos é uma tese na qual a gestora já investiu antes. O Warburg Pincus aportou na americana Avalara em 2014 e ficou na empresa até seu IPO em 2018. A companhia — que se parece com a Contabilizei — foi adquirida este ano a um valuation de US$ 8,4 bilhões.
“No Brasil, esse mercado é ainda mais interessante porque as complexidades tributárias são enormes,” disse o gestor.
A Contabilizei hoje tem 50 mil clientes — de um mercado endereçável de mais de 10 milhões de empresas que obrigatoriamente precisam fazer sua contabilidade todo ano.
A startup não tem um grande concorrente, disputando mercado basicamente com os milhares de pequenos escritórios de contabilidade regionais.
Bruno disse ainda que a Contabilizei criou uma força de marca muito grande, o que é essencial num mercado onde a relação de confiança é chave na tomada de decisão. “O empresário está automatizando a sua contabilidade e os seus registros fiscais. Se der algo errado, isso tem implicações graves. Tem que ser feito por alguém em quem ele confia,” disse Bruno.
Para ele, essa autoridade de marca faz com que a Contabilizei consiga adquirir novos clientes com um custo muito baixo, valendo-se do boca a boca.
O investimento do Warburg Pincus vem num momento de forte crescimento da startup, que projeta faturar R$ 300 milhões este ano e vem crescendo a uma média de 40% ao ano nos últimos cinco anos.
Vitor Torres, o fundador e CEO da Contabilizei, disse ao Brazil Journal que a meta é manter este ritmo, e que a expansão virá da conquista de novos clientes e da adição de novos produtos à plataforma.
A Contabilizei começou apenas com a plataforma de automação dos serviços de contabilidade, mas com o tempo foi adicionando outras funcionalidades. Hoje oferece também uma conta bancária PJ, uma solução de gestão da folha de pagamento, além de ter criado uma corretora para a venda de planos de saúde e benefícios como o Total Pass.
A conta PJ já tem uma penetração de 70% da base de clientes; o plano de saúde, lançado há um ano, de 10%.
“Queremos ser uma ‘one-stop solution’ para o micro e pequeno empreendedor,” disse Vitor. “As grandes empresas muitas vezes preferem ter vários fornecedores, mas os micro e pequenos não têm a estrutura para gerir múltiplos fornecedores. Eles preferem ter um contato central que resolva tudo para eles.”
A Contabilizei foi fundada em 2013 por Vitor, que teve a ideia depois de abrir uma outra empresa e sentir na pele as dificuldades para contratar um contador a preço justo e com serviço de qualidade.
Depois trocar quatro vezes de fornecedor, ele decidiu apostar no uso de tecnologia para automatizar boa parte dos processos, barateando o serviço.
A Contabilizei consegue automatizar 99% da contabilidade, cobrando uma assinatura que vai de R$ 100 a R$ 350 de seus clientes.
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