A JHSF reportou um terceiro tri com crescimento expressivo dos negócios de renda recorrente, e o CEO Augusto Martins disse que os investimentos nestas verticais estão contratando ainda mais expansão à frente.
A companhia — dona do Shopping Cidade Jardim e dos hotéis e restaurantes Fasano — reportou uma receita bruta de R$ 408 milhões, uma queda de 4% ano contra ano puxada pela incorporação, que caiu 31% por um efeito contábil.
Já os negócios de renda recorrente — os shoppings, hospitalidade, o aeroporto e a gestora, onde a companhia tem investido mais — tiveram alta de 18% no top line.
A rentabilidade bateu as projeções do mercado. O EBITDA ajustado da JHSF ficou em R$ 148 milhões, enquanto os analistas esperavam R$ 142 mi. O lucro líquido foi de R$ 140 milhões, contra R$ 130 mi do sellside.
Augusto disse ao Brazil Journal que a empresa terminou o trimestre com uma estrutura de capital mais robusta, por conta de uma maior eficiência e reciclagem de capital.
As vendas dos shoppings cresceram 25,3%, impulsionadas pelo Catarina Fashion Outlet (que cresceu 38%) e pelo Shops Jardins (34%). O EBITDA dos shoppings subiu 17% para R$ 46,5 milhões, com uma vacância de apenas 2,5% e o ‘aluguel mesmas lojas’ crescendo quase 11%.
Augusto disse que a companhia atraiu novas marcas internacionais para seus malls, como a Van Cleef & Arpels, que abriu uma flagship no Cidade Jardim, e que tem outras para anunciar nos próximos meses.
Nos hotéis Fasano, a receita por quarto disponível aumentou 22%, com um crescimento de 18% na diária média e uma taxa de ocupação de 53,9%, uma melhora de 200 basis points. Nos restaurantes, o número de clientes atendidos caiu 4%, mas o tíquete médio subiu 11% para R$ 305.
No aeroporto Catarina, os movimentos cresceram 31% e a quantidade de litros abastecidos, 27%. O CEO disse que os hangares abertos já estão todos tomados, e que a JHSF fará uma nova expansão, indo de 12 para 16 hangares. A obra começa no início de 2025 e a previão de entrega é no final do ano.
Já a JHSF Capital, a gestora do grupo, atingiu R$ 2,3 bilhões em ativos sob gestão.
Augusto disse que a empresa deve colher mais resultados positivos conforme os investimentos que tem feito forem maturando. A JHSF investiu quase R$ 150 milhões no trimestre e mais de R$ 300 milhões nos nove primeiros meses do ano.
“Isso mostra a perspectiva que temos de continuidade do crescimento da geração de caixa,” disse o CEO. “O yield on cost médio dos nossos projetos é superior a 20% na maturidade dos investimentos.”
A JHSF está finalizando as obras da Casa Fasano, que vai ficar dentro da Usina São Paulo, na Marginal Pinheiros; do Boa Vista Village Town Centers, dentro do complexo Boa Vista; e do Shops Faria Lima, que deve abrir as portas em 2026 num ponto estratégico da Faria Lima.
Na vertical de locação residencial e clubes, a companhia também está com obras avançadas do Fasano Club e do São Paulo Surf Club, além de ter novas unidades residenciais para locação sendo construídas no Fasano Residences e no Golf Residence. “Só esses projetos devem adicionar uns R$ 50 milhões à nossa geração de caixa anual,” disse Augusto.
Hoje, essa vertical gera R$ 25-30 milhões de caixa/ano.
O objetivo da JHSF é que os negócios de renda recorrente representem dois terços do EBITDA da companhia. Hoje essas operações respondem por cerca de metade do EBITDA e 60% do top line. O restante vem da operação de incorporação, que também teve um resultado positivo no trimestre, apesar da queda na receita.
A JHSF teve vendas de R$ 378 milhões, 44% maiores que as do mesmo período do ano passado e 25% acima das projeções do BTG.
O resultado foi impulsionado principalmente pelas vendas do Reserva Cidade Jardim — um empreendimento de quatro torres de frente para a Marginal Pinheiros e que está sendo vendido a um metro quadrado recorde de R$ 80 mil (e que Augusto acha que pode chegar a R$ 100 mil quando as obras começarem).
Só o Reserva Cidade Jardim gerou vendas de R$ 240 milhões no trimestre. O Boa Vista Village teve vendas de R$ 58 milhões, e o Boa Vista Estates de R$ 63 mi.
No Reserva Cidade Jardim, a JHSF já vendeu 100% da primeira torre e acaba de começar a venda da segunda.
Essas vendas, no entanto, ainda não foram reconhecidas como receita porque, no setor imobiliário, isso só acontece depois que as obras iniciam, com os valores sendo reconhecidos gradativamente conforme a construção vai avançando. (Isso explica, em parte, a queda da receita de incorporação no tri).
“Temos quase R$ 1 bilhão de vendas que serão reconhecidas como receita na DRE nos próximos trimestres, de acordo com o avanço das obras,” disse o CEO.
A JHSF levantou mais de R$ 500 milhões este ano com a venda de participações minoritárias em shoppings — uma estratégia que Augusto disse que deve continuar — e captou R$ 1,3 bilhão em dívidas que alongaram seu prazo médio e reduziram o custo.
A última foi captada há duas semanas, com a JHSF levantando R$ 600 milhões numa debênture de 15 anos a CDI + 0,6%.
A dívida líquida da empresa é de R$ 1,3 bilhão, com uma alavancagem de 1,8x EBITDA.
A JHSF vale R$ 3 bilhões na Bolsa; a ação fechou quinta-feira a R$ 4,45 e está praticamente de lado nos últimos doze meses.
O posto Renda recorrente cresce na JHSF; EBITDA e lucro batem o mercado apareceu primeiro em Brazil Journal.