O TC – a companhia anteriormente conhecida como TradersClub – acaba de anunciar a venda da Economatica para a Reag Investimentos por R$ 60 milhões.
O valor é cerca de 40% maior do que o TC pagou pela tradicional empresa de informações financeiras em 2021.
O CEO do TC, Eduardo Barone, disse ao Brazil Journal que as conversas começaram há seis meses – na mesma época em que a Reag comprou a RI Prisma do próprio TC – e que a empresa viu o negócio como uma oportunidade de mercado.
“Foi um trade que vimos como positivo e usaremos o dinheiro para escalar a nossa corretora, que deve entrar no ar no ano que vem,” disse Barone.
O negócio será feito em duas etapas. A primeira, que compreende o repasse de 49,9% da Economatica para a Reag, será paga em cash.
Já a segunda ocorrerá daqui a um ano, quando a Reag vai exercer uma opção pelos 50,1% restantes, que podem ser pagos tanto em dinheiro quanto em equity de uma nova empresa a ser criada.
Segundo Barone, a Economatica, que responde por cerca de 40% da receita do TC, continuará no balanço da empresa até a Reag exercer a opção.
Depois desse período, o TC passará a ser um cliente da Economatica – ou seja, os clientes da rede social do TC continuarão tendo acesso aos dados da companhia.
“Não teremos um impacto imediato na receita, mas teremos na geração de caixa, já que precisaremos enviar metade para a Reag. Mas isso será compensado com a corretora,” disse o CEO.
Quase dois anos e meio depois do anúncio da compra da corretora Dibran, o TC finalmente recebeu o aval do Banco Central para seguir com o negócio. A nova corretora deve ser lançada no início de 2025.
Nos últimos meses, o TC apostou em um “jeitinho”: criou uma empresa de agentes autônomos e se plugou à Genial para iniciar os trabalhos como corretora.
“Foi um MVP, e testamos parte da nossa base para ver a tração e o que era essencial para esse investidor. Porém, por mais que os nossos parceiros sejam ótimos, o investidor precisa ir para outras páginas para fazer os investimentos, o que faz perder a fluidez,” disse Barone.
Com os recursos da venda da Economatica, Barone quer acelerar o crescimento da corretora usando a base de 100 mil usuários da rede social do TC.
“Temos essa comunidade que tem um valor muito grande, e o fato de virarmos uma corretora vai nos ajudar a monetizá-la e aumentar o impacto da educação financeira que o TC causa,” disse Barone.
Barone – um executivo com passagens pelo Itaú BBA, Merrill Lynch e BTG Pactual, além de ter fundado a fintech Sum Solutions – chegou ao TC no início do ano passado, quando assumiu o cargo de chairman após atuar alguns meses no conselho consultivo da empresa.
Em outubro, Barone substituiu Pedro Albuquerque como CEO. Além de chairman da empresa, Albuquerque se tornou o CIO da gestora.
Nos últimos anos, o TC passou por uma crise financeira e de imagem. O ciclo de alta dos juros de 2021 e 2022 impactou diretamente os ativos de renda variável – o coração do negócio do TC.
A empresa passou por um duro processo de reestruturação, que culminou na demissão de centenas de pessoas e na saída de Rafael Ferri, um de seus fundadores. De cerca de 700 funcionários em 2022, o TC chegou a 183 no fim do terceiro tri.
A ação do TC chegou a valer centavos na Bolsa, mas a companhia fez um grupamento de 7:1 em junho.
No terceiro tri, o TC reportou receita líquida de R$ 10,7 milhões – queda de 13,5% em relação ao mesmo período do ano anterior. O EBITDA ajustado ficou negativo em R$ 4,4 milhões – uma piora de 340% em relação ao mesmo tri do ano passado.
Mas Barone enxerga um futuro bem diferente com o início da corretora. “O turnaround ficou para trás e o TC entra oficialmente numa nova fase de investimentos,” disse ele.
A ação do TC sobe 24% nos últimos doze meses – e cai 91% desde o IPO, liderado pelo BTG Pactual. A empresa vale R$ 321 milhões na Bolsa.
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