O Reclame Aqui — o portal que se tornou a principal fonte dos consumidores para avaliar a reputação de uma marca — acaba de investir no Portal da Queixa, que faz exatamente a mesma coisa, mas do outro lado do Atlântico.
O Reclame Aqui comprou 30% da holding Consumer Trust, que é dona do Portal da Queixa — criado em 2009 em Portugal e que depois expandiu sua operação para outros países da Europa.
Na França, ele opera o Rèclame Ici; na Espanha, o Libro de Quejas; na África do Sul, o Compliance Book; e no Reino Unido, o Consumer Trust.
O valor da transação não foi revelado.
Edu Neves, o CEO do Reclame Aqui, disse que a companhia avalia aumentar a participação no futuro, dependendo dos resultados da parceria. Os 70% restantes do capital estão nas mãos dos três fundadores do Portal da Queixa: Pedro Lourenço, sua esposa Sônia Lage Lourenço e Vitor de Padua Vilela.
“Conhecemos os fundadores há cinco anos, quando eles tinham só o Portal da Queixa. Tentamos fazer um negócio na época, mas não deu certo porque eles ainda eram muito pequenos. Agora tivemos essa oportunidade de novo porque eles queriam dar liquidez para alguns investidores,” disse Neves.
O investimento marca a primeira expansão do Reclame Aqui fora do Brasil, e deve dar início a um movimento mais forte da companhia nessa direção, disse o CEO.
“Temos uma oportunidade grande de fazer o cross selling de produtos para a base de clientes deles, num modelo de distribuição. Além disso, é uma oportunidade de adquirirmos essa experiência internacional que ainda não temos.”
Neves nota que a Europa tem um mercado consumidor maior que o do Brasil, de 150 milhões de pessoas, e que o europeu tem uma renda per capita 4x maior que a do brasileiro.
“Nos próximos dois anos nosso foco ainda vai ser muito Brasil, mas já vamos começar a trabalhar na Europa agora e depois de um ano talvez a gente comece a olhar para a América Latina,” disse Neves. “Mas os mercados aqui [na América Latina] estão passando por um momento mais complicado… Um país que temos olhado e que talvez possa ser um alvo é o México.”
Fundada em 2000 por Maurício Vargas, que faleceu durante a pandemia, o Reclame Aqui deve faturar R$ 143 milhões este ano, em comparação aos R$ 95 milhões de 2023.
Metade da receita vem de um software que a empresa criou que ajuda as marcas a gerirem sua imagem dentro do Reclame Aqui, ajudando a navegar nas reclamações dos clientes, resolver os conflitos e manter um bom índice.
Há ainda o que a companhia chama de soluções para a jornada de compra — a boa e velha publicidade. Nessa frente, a Reclame Aqui vende espaço publicitário direto e opera com a mídia programática do Google, que aplica um filtro para permitir apenas anúncios de empresas com boa avaliação no Reclame Aqui. O site do Reclame Aqui tem mais de 29 milhões de usuários únicos/mês.
Outra linha de receita é uma espécie de branded content: a Reclame Aqui cobra um valor das marcas para personalizar suas páginas no site, incluindo vídeos e textos.
Mais recentemente, a companhia começou a cobrar também de pequenas e médias empresas que queiram ter um selo de verificação na página, autenticando que o negócio é confiável.
“Percebemos que o pequeno empreendedor muitas vezes acaba sendo confundido com golpistas. Então criamos esse selo em que verificamos diferentes aspectos do negócio, para garantir que o negócio é legítimo,” disse Neves.
A aquisição de hoje é a segunda da história do Reclame Aqui, que já havia comprado a Trustvox em 2019 — hoje rebatizada de RA Reviews e que é outro pilar de crescimento da companhia.
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