BTG absorve a Clave e troca comando de sua asset

O BTG Pactual está comprando a Clave Capital e colocando o fundador da firma, Rubens Henriques, como um dos heads de sua asset. 

O banco de André Esteves já tinha uma participação de 30% na Clave desde sua fundação em 2021, quando colocou um seed capital estimado pelo mercado em R$ 3 bilhões. Agora, comprou a parte que faltava. 

Três anos depois, a Clave hoje administra R$ 6 bi em ativos – uma escala mediana para os padrões de mercado. 

Rubens agora vai liderar o que o BTG chama de ‘asset management latam & liquid alternatives’ — a área da gestora responsável pelas estratégias macro, crédito, equities, real estate e de global hedge funds.Esta área era liderada por Allan Hadid, que vai deixar o banco depois de 10 anos. 

Renato Mazzola continua liderando a área chamada de ‘asset management economia real’, que engloba as estratégias de infraestrutura e private equity; enquanto Gerrity Lansing segue à frente das estratégias de US Private Markets e timberland

Antes de fundar a Clave, Rubens fez carreira no Itaú, onde foi CEO da Itaú Asset e implementou o modelo de ‘multimesas’ da gestora. 

Dado seu histórico e os resultados positivos do ‘multimesas’, o mercado espera que Rubens tente implementar estratégia semelhante na gestora do BTG. 

Na Faria Lima, a percepção do mercado é de que a asset do BTG nunca esteve à altura da performance do banco, “tanto como ganhadora de dinheiro – o que o banco é – quanto como inovadora no mercado,” disse um gestor.

Por exemplo, “a asset do BTG não foi a primeira a fazer um ‘multimesas’, não tem um hedge fund macro com boa performance dentro de casa, e investiu em várias gestoras mas nunca fez uma Kinea, que tem mais de R$ 130 bi sob gestão. Em todas as outras verticais do mercado o BTG é o grande inovador.”

Com Rubens, o BTG tem a melhor chance de turbinar o negócio.  

“A Clave esteve longe de ter uma performance estelar; seus fundos macro e de equities tiveram uma performance fraca, como a maior parte do mercado no período, e a gestora tinha áreas incipientes de crédito, special sits e imobiliário,” disse outro gestor. “Mas isso não tem nada a ver com o Rubens, que não era o tomador de risco mas é o melhor cara para ser o CEO de uma asset, e no BTG ele deve ter mais matéria-prima para fazer boas apostas.”

Também estão se juntando ao BTG: Rodrigo Carvalho (que era o CIO dos multimercados da Clave); Mariano Andrade e Henrique Benzecry, ambos da área de crédito; e Carolina Avancini, que cobria o setor imobiliário.

André Caldas, que era o CIO de renda variável da Clave, vai abrir uma nova gestora independente que terá o BTG como sócio minoritário.

A decisão do BTG vem ao final de mais um annus horribilis para a indústria de gestão de recursos. A Blueline, uma investida do Itaú que fazia parte de seu programa Rising Stars, fechou as portas recentemente, assim como uma série de gestoras menores. Ao longo do ano, o Itaú também encerrou pelo menos três estratégias de seu ‘multimesas’.

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