Lucas Kallas agora pode dormir tranquilo.
O empresário mineiro, controlador e CEO da mineradora Cedro, venceu um leilão na B3 para a concessão de 35 anos de um dos terminais portuários de Itaguaí, no Rio de Janeiro.
Com isso, a Cedro passará a ter um porto para chamar de seu, um movimento que garante à companhia o escoamento de seu minério num momento em que todas as grandes mineradoras investem em aumento da produção, aumentando o risco de um gargalo logístico mais adiante.
O projeto de Kallas — o único que disputou o leilão, com uma proposta simbólica de R$ 1 milhão pela outorga — prevê um investimento de R$ 2,8 bilhões a R$ 3 bilhões na construção de um porto do zero, com capacidade para movimentar 25 milhões de toneladas por ano e que deve ficar pronto em até três anos.
O investimento vem no momento em que a Cedro investe para aumentar sua produção de 7 para 20 milhões de toneladas/ano, o que exigirá um capex de mais R$ 4 bilhões, e também dar saída a ele falou que a cesta do país o minério de terceiros.
Hoje, cerca de 70% da produção da Cedro, uma mineradora de porte médio, é vendida para os players de grande porte, como Vale, CSN e Trafigura, que depois revendem para o exterior usando seus próprios portos.
A expectativa de Kallas, porém, é que os portos das grandes mineradoras atinjam sua capacidade máxima em até três anos em razão da maior demanda do exterior.
“Com isso acontecendo, eles dariam preferência ao minério deles, e eu ficaria sem ter como vender a minha produção. O receio nosso era fazer o investimento para crescer e não ter como escoar,” Kallas disse ao Brazil Journal. “Tendo o meu porto, eu continuo vendendo para eles e ainda ofereço a saída logística.”
O leilão de hoje foi o último bloco de arrendamentos portuários promovido pelo governo federal no ano. A Cedro levou a chamada “área do meio” de Itaguaí, com cerca de 250 mil metros quadrados, localizada entre os terminais da Vale e da CSN, que não poderiam participar da disputa por questões concorrenciais.
A Cedro, que opera duas grandes minas na região de Nova Lima, é o principal ativo da Cedro Participações, a holding fundada em 2016 e que também tem investimentos no agronegócio e no setor imobiliário. A família Kallas controla a holding com 92% de participação, enquanto o restante está na mão de executivos que estão no negócio desde o início.
A companhia está encerrando 2024 com faturamento de R$ 2,5 bilhões e EBITDA aproximado de R$ 700 milhões.
Entre as seis maiores mineradoras do País, ela será a primeira de porte médio a ter o próprio porto.
O terminal será ligado ao Quadrilátero Ferrífero de Minas por uma ferrovia que será construída pela Cedro, depois de a companhia ter conseguido a autorização da ANTT e ter vencido na Justiça uma disputa com a MRS, que também estava interessada no projeto.
Com o terminal, a Cedro passará também a exportar, e estima que cerca de dois terços da movimentação do porto será de produção própria e um terço de terceiros. Dos 20 milhões de toneladas que espera poder produzir por ano a partir de 2028, só cerca de 20% devem ficar no mercado interno, calcula Kallas.
“O business de porto em si não é tão interessante, não tem um payback bom, mas é importante para a sustentabilidade para a companhia.”
A Cedro disse que financiará seu capex de R$ 7 bilhões nos próximos anos com 40% de capital próprio, e o restante com bancos. “Tendo a concessão do terminal, já fica mais fácil,” disse Kallas.
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